sexta-feira, 3 de outubro de 2008

''Tudo o que é mau faz bem''


Neste livro, Steve Jonhson, tenta convencer-nos de que ‘’(…) nos últimos trinta anos a cultura popular tornou-se mais complexa e estimulante para o intelecto’’, ou seja, enquanto há 30 anos, a cultura popular estava essencialmente ‘’limitada’’ à televisão, à música e à leitura como forma de desenvolvimento do intelecto, actualmente assistimos a um alargamento dessa mesma cultura, onde surgem as novas tecnologias (internet, jogos de vídeo, etc.) – A Era do Digital. Contudo, existe uma tendência cultural que desvaloriza estes novos meios, considerando-os simplistas e demasiados fáceis, não percebendo, porém, o quão difícil é por exemplo, jogar um jogo de vídeo, o autor designa este fenómeno como Curva de Sleeper.

Steve Johnson vê esta evolução como sendo muito positiva, ‘’ (…) os meios de comunicação populares a tornarem a nossa mente mais aguçada (…)’’, contrariando assim o senso comum e o seu desejo de obter através dos media ‘’prazeres estúpidos e simples’’.
Os media simplesmente têm a obrigação de dar às massas aquilo que elas querem, cabendo-lhes a elas fazer o raciocínio acerca do que é positivo ou negativo e do que querem (ou não) assimilar – ‘’É preciso é ter um barómetro para perceber a diferença’’.

Nós achamos que o importante é não cair no erro de criticar as novas tecnologias, pois como já escrevia Luís Vaz de Camões ‘’mudam-se os tempos, mudam-se as vontades’’, num mundo em que a mudança está na base do desenvolvimento, é perfeitamente aceitável o avanço tecnológico e a adaptação de toda a comunidade a esse avanço pois é nisso que o futuro consiste, assim como há 30 ou 40 anos atrás foi necessário inovar criando tecnologias que para a época era tanto novidade como necessário. As novas tecnologias são, sobretudo, fruto de nada mais, nada menos do que da exigência do ser humano, ser humano esse, que actualmente, em pleno século XXI, ainda desvaloriza certos tipos de tecnologia, como por exemplo os jogos de vídeo, acerca dos quais vai incidir o resto do nosso comentário.

Segundo Steve Jonhson, tanto os jogos de vídeo como a leitura têm as suas vantagens e desvantagens, afirmando que ler é indispensável e muito importante na vida intelectual da criança, futuro adulto, mas que mesmo o leitor mais ávido também dedica, algum tempo, a outros meios de comunicação, como os jogos de vídeo, logo a cultura popular não literária desafia também ela ‘’competências mentais, tão importantes como são exercidas pela leitura’’. Por outro lado, os jogos de vídeo são muito mais complexos do que achamos, a prática destes, não pode ser considerada como “uma completa perda de tempo” pois acartam várias vantagens como ajudar a desenvolver a coordenação olho-mão nas crianças, bem como desenvolve ‘’a inteligência visual e a destreza manual’’.

Nos dias de hoje, vivemos numa sociedade que tem ideias pré-concebidas, onde quem lê frequentemente é inteligente e sábio e quem gosta de jogos electrónicos isola-se do mundo, mas o autor não concorda com este pensamento, defendendo que o livro cria o isolamento da criança e que “durante a leitura, só uma pequena parte do cérebro (…) é activada’’, ao contrário dos jogos de vídeo que “obrigam os jovens a estabelecer complexas relações sociais com os seus pares, construindo, explorando mundos em conjunto”, ressalvando ainda o facto de que ‘’os jogos são terrivelmente, às vezes loucamente, difíceis’’, quem sabe mais do que o exercício de leitura.

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